Voltava de Santos. Ônibus lotado.
É a única linha que liga Bertioga às cidades da Baixada Santista e isso, parece, dá o direito à EMTU de oferecer qualquer coisa aos reféns. Sem novidades. Antes, era a Translitoral. E dava na mesmíssima. Porque a ordem é o descaso com o gado que viaja – sem cogu – trinta e tantos quilômetros de pé, numa noite de sexta-feira, estrada cheia, – a gente digere a amargura, porque está indo pra casa, sem ter que esperar mais uma hora e tanto pela próxima carroça. E ainda é capaz de agradecer ao governador. Qualquer que seja, em qualquer tempo, porque há coisas que não são “pensadas” para mudar.
Por favor, sem papo urna.
Deserto atravessado, sobe a ponte sagrada, desce a ponte sagrada e pronto. Chegamos!
Na entrada da cidade, um breve silêncio, muito significativo, ocupou o cubo de lata iluminado…
Passando sob a mais nova estupidez municipal, uma garota disse, pra todo mundo ouvir.
“Po##@! Parece entrada de motel mesmo! Vamo”?
Acho que foi a primeira vez que ouvi tanta gente gargalhando ao final do calvário dessa linha.
Por Geraldo Varjabedian.
(Fonte redação revista Veja)