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Nosso som vai revolucionar

Por July Vasconcelos.

O Toka começou no hiphop em 1987. Em 1989, foi um dos fundadores do lendário Zona de Atack que foi um grupo extremamente ativo e para quem viveu na Baixada Santista nos anos 90, dispensa maiores apresentações. Em 1993, fizeram parte do projeto Rádio Rap Móvel que tinha como objetivo difundir a cultura hiphop. Entre 1998 até 2002 continuou fazendo trabalhos solo. Em 2006, foi gravado “Nosso Som Vai Revolucionar” (que inclusive participou do ‘Curta Santos’ na época).

A menção que a letra faz da união do pessoal do hiphop com o anarcopunk se inicia no começo dos anos 90, no Morro do São Bento e nas demais periferias da região.

A ULBS começou essa parceria que se aprofundou com o trabalho de base do Anarquistas Contra o Racismo. O Projeto Anarquistas Contra o Racismo foi uma experiência anarquista federativa que teve núcleos nas seguintes localidades: São Paulo, Curitiba, Baixada Santista, Rio de Janeiro e depois Criciúma.

Com contatos constantes, inclusive reuniões presenciais de representantes de todas as localidades (apesar das diferenças regionais) e uma definição de atuação em comum entre todos os núcleos, respeitando as características locais de cada núcleo.
Foi um projeto que tinha como principal objetivo, desde a sua gênese a inserção social (sim, é falsa a ideia de que todos os coletivos anarquistas do início dos anos 90 – inclusive os anarcopunks – tinham apenas uma atuação culturalista, sem uma preocupação com a atuação social, aliás, quem estava lá nas reuniões sabe que o tema inserção social sempre estava em pauta).

Nesse campo atuamos em vários segmentos com grupos da comunidade negra, grupos de mulheres negras, grupos feministas, com o movimento hiphop organizado, com a comunidade judaica (especialmente na questão antifascista e white power – mostrada no vídeo), com diversos grupos GLS (assim chamados na época), inclusive, vale lembrar aqui que os anarcopunks estiverem presentes na “1º Parada do Orgulho Gay” de São Paulo, em 1997 (que na época juntava pouquíssimas pessoas e tinha uma configuração diferente de hoje em dia – inclusive, os anarcopunks foram convidados para participar justamente pelo trabalho contra o preconceito e a discriminação que era desenvolvido pelos núcleos do Anarquistas Contra o Racismo e, também porque os grupos LGBTQIA+ temiam um ataque dos grupos White Power ao evento).

Outro fato histórico relevante foi que os anarquistas, em especial os anarcopunks organizados no Anarquistas Contra o Racismo, foram o primeiro grupo político-social a trazer para o Brasil a campanha contra a pena de morte e pela libertação do companheiro (ex-Panteras Negras) Mumia Abu-Jamal. Fomos em várias reuniões do Movimento Negro da época divulgar essa campanha e as pessoas não faziam ideia de quem era Mumia Abu-Jamal e, muitas vezes, por isso nos cediam um espaço generoso em suas reuniões e eventos públicos, para falar sobre o caso.

A história da forte parceria entre o hiphop e o anarcopunk na Baixada Santista ainda está para ser contada ! Força aos que estão na luta social !!!

# Agradeço ao amigo Toka pela emocionante homenagem à União Libertária da Baixada Santista (ULBS) nesse vídeo! Musicalidade letal para os racistas, para os capitalistas, saqueadores da terra, usurpadores & parasitas !!!

 

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