O humor – em suas distintas formas, a sátira, a caricatura, as charges, as ‘tirinhas’ dos comics… – tem surtido um tremendo efeito quando se trata da crítica ao governante, ao Sistema, ou às injustiças sociais. No Brasil, o que mais marcou esta verve foi o jornal “nanico-alternativo” O PASQUIM, editado no Rio de Janeiro nos ‘anos de chumbo’. Presença quase obrigatória em praias, botecos boêmios, passeatas, universidades e honoráveis lares de mentes inquietas, O Pasquim tinha em suas páginas um certo Henfil, que teria posteriormente um de seus personagens editado em formato de gibi, o FRADIM. Pululavam em suas páginas figuras como a Graúna (um pássaro negro e raquítico), o bode Orelhana (que absorvia conhecimento comendo – literalmente – livros) e o cangaceiro Zéferino – além do próprio Fradim, um frade endiabrado e da pá-torta. Tornaram-se verdadeiros ícones da crítica corrosiva e fina ironia ás convenções, regras, desmandos, impunidades, tortura, censura da ditadura – sem esquecer a crítica de costumes e ‘boas maneiras’. Definitivamente, “o Rei estava nu”.
Além d’O Pasquim, haviam outros charmosos e avidamente buscados periódicos da imprensa alternativa, como o Movimento, Versus, Coojornal, Em Tempo, Cadernos de Opinião, Singular & Plural e Lampião – para citar os mais disputados. Vale lembrar que na virada dos 70’ para os 80’ houve uma onda formada por minúsculos agentes da Ditadura de meter o terror colocando bombas incendiárias, de madrugada, em bancas de jornais que vendiam imprensa alternativa. Só fez aumentar ainda mais a procura, obviamente.
Já com nossos ‘hermanos’ argentinos, o fino e sutil humor de Quino consagrou a garotinha MAFALDA, meio filosófica-existencialista, meio mordaz.
DEPOIS DO ‘PICOLÉ DE CHUCHU’, MARINGONI, UM CHARGISTA, PARA-GOZADOR!
A expressão “Picolé de Chuchu”, para designar o governador Geraldo Alckmin (“porque não tem gosto, nem sabor”), usada pela então candidata a presidente pelo PSOL, a senadora Heloísa Helena, pegou e foi o que mais marcou naquelas eleições de 2006. Ironicamente, já em 2014, MARINGONI, um dos mais apreciados e mordazes dos chargistas/humoristas da imprensa alternativa – e até na grande mídia – foi também anti-candidato pelo PSol, só que a governador, por São Paulo, contra o mesmo ‘Picolé de Chuchu’, fechando o círculo entre charge e política. Nos últimos anos seus desenhos e charges têm sido muito publicados no jornal BRASIL DE FATO (do qual integra o Conselho Nacional), principal mídia alternativa e contestatária no País. E, neste terreno, Maringoni pinta e borda..!