Frequência Caiçara

Governo Bolsonaro: Um Estado de guerra pós-moderno e sofisticado contra minorias

De Ailton Martins do site Frequência Caiçara.

Foto: Ailton Martins
A cruzada contra os direitos constituídos da população brasileira, principalmente a de baixa renda (classe média e alta custeam no particular serviços sucateados do Estado) ganhou força no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB). Com o recém governo de Jair Bolsonaro (PSL) essa cruzada tende a intensificar-se. Em seu primeiro dia de governo, por exemplo, as primeiras decisões atingiram minorias. Lei aqui a Medida Provisória n: 870 que implicou no desmonte de órgãos importantes como Secadi (Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão), Fundação Nacional do Índio (Funai) dentre outros. (leia aqui)Maquiavelicamente, executou de forma rápida, sem discussão e escondendo-se por trás da cortina de fumaça de organização da casa, de trabalhar tecnicamente e de retirar o viés ideológico da administração pública, além de algumas frases de efeitos vociferadas por ministros que levam parte da esquerda a continuar tonta na forma de atuação crítica ao governo, ao tempo que dialógica com a população.

O governo Bolsonaro é um governo de continuidades, entretanto, muito mais ofensivo, pois tem mais poder para atuar contra as minorias. Em seu primeiro discurso durante a posse deu uma resposta ao seu eleitorado e manteve a ideia do inimigo vivo e à espreita. Forma que aprendeu utilizar muito bem para justificar todos seus passos. E um desses passos é a reforma da previdência, mas, para dar cabo da reforma precisa para além do discurso do inimigo. Precisa da retórica da crise, da chantagem de que a economia não pode equilibrar-se e o país não avançará sem uma profunda reforma da Previdência, do mesmo modo, aprofundar ainda mais a reforma trabalhista.

É um Estado de guerra pós-moderno e sofisticado. Aparenta estupidez por quem supostamente está a frente, entretanto, não é. Estão vendendo à população um combate a privilégios e um enxugamento da máquina pública em troca de um desenvolvimento futuro que na prática, em primeira instância esvazia direitos de minorias e coloca todos os encargos da “crise” nas costas de trabalhadores assalariados e na informalidade. Enquanto, em paralelo passa ilesa toda elite de empresários; banqueiros, ruralistas, igrejas com suas dívidas perdoadas, juntamente com a casta de políticos e juízes que gozam de aposentadorias e de salários absurdos.

Paulo Guedes, ministro da economia apresentará até a próxima segunda-feira (7) a proposta de reforma da Previdência. A disposição é que os parlamentares analisem a proposta assim que retornarem do recesso em fevereiro.

É histórico que no Congresso Nacional nada passa sem um acordo de concessões, por isso, o ministro já sinalizou um plano “B”, onde os encargos mais uma vez atingem as minorias. Ou seja, as minorias perdem de uma forma ou de outra. Não à toa a quantidade de empresários que foram prestigiar a posse do novo ministro, e que aplaudiram seu discurso e sairam satisfeitos com os rumos que serão dados na economia pelo governo Bolsonaro. Afinal, esse é um governo para empresários, não para a população de baixa renda, não há concílio de classe, há um acordo estabelecido para a elite continuar sonegando, usurpando recurso público e recebendo isenção fiscal. Logo, responsabilidade social nada mais é que coisa de “comunista”.
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