A Pegada Caiçara

Nimbopürua, cacique Tupi-Guarani da aldeia Piaçaguera de Peruíbe, em São Vicente

De Ailton Martins  por Frequência Caiçara,:

Nimbopürua (Catarina dos Santos cacique Tupi-Guarani da aldeia Piaçaguera de Peruíbe, esteve no mês passado em visita à aldeia Paranapuã, em São Vicente. Durante o encontro com a comunidade Guarani M’Bya, a cacique recordou das histórias de quando vivia na aldeia Tupi-Guarani que localizava-se no Morro dos Barbosas, recordou de sua infância e sobre a passagem indígena pelo Morro Xixová, local onde sua família e os Guarani M’Bya retiravam material para artesanato e construção das ocas.

Nimbopürua com Para Poty, raizeira de Paranapuã – Foto: Ailton Martins

Falou também sobre a migração Guarani pelo litoral, a proximidade com o mar, a terra sem males e a resistência indígena diante de uma realidade onde a cultura da pessoa não indígena insiste em apagar a cultura indígena.

“Eu nasci em 1950, mas quando eu vim morar em São Vicente, foi quando eu tinha sete anos […] e então o pessoal que vinham lá do Rio Branco, do Itariri, lá da aldeia do Bananal, sempre eles ficavam na estação, é… assando peixe, ou então ficavam no Morro dos Barbosas, onde eles ficavam dois, ou três dias lá, e de lá eles usam essa parte de cá pra tirar o material, porque lá não tinha muito, e nessa época aqui se chamava Praia das Vacas, eles gostavam muito desses lugar […] e lá no Morro dos Barbosas meu pai tinha uma casa lá, e depois que os indígenas lá do Rio Branco, de outros lugares, porque a passagem deles era por lá, assavam carne lá […] eles vinham fazer as trocas do artesanato, buscar as coisas na cidade, e andavam muito por aqui […] um tio meu andava muito por aí, e conhecia o pessoal do exército aqui de Praia Grande, e eles faziam muitas doações, o exército levava doações até a aldeia do Bananal […] Mas, quem mais ficou por aqui, foi meu paí, meu avô, e diziam que ficaram por aqui, por causa do mar, porque o mar é muito importante pra eles, e sempre contavam, que depois do mar, é a terra sem males […] e o mar pra nós é sagrado […]

Foto: Ailton Martins
A visita foi promovida pela Funai (Fundação Nacional do índio) com intuito de registrar a história e trocar saberes entre as etnias, além de resgatar um pouco a história. Outras falas de outros indígenas também foram registradas sobre Paranapuã e a migração indígena pelo litoral. Um lindo histórico da Ilha de Guaiaó.

[1] Ailton Martins, formado em Comunicação Social pelo curso de Bacharelado em Rádio e TV, do Centro Universitário Monte Serrat, trabalha com fotojornalismo e registro documental em vídeo sobre culturas populares, originárias e movimentos sociais.

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Abaixo um trecho em vídeo:

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